Deboche divino.

E dizem por aí que deus é perfeito. Das duas uma, ou deus não sabe o que faz, ou sabe e mesmo assim o faz, apenas por sadismo. Minha casa, pequena, se tornou um forno. Numa temperatura insuportável, onde, à revelia de temperatura e movimento (ou ausência dele) do ar eu sou obrigado a estudar. Mas a vida é assim, afinal, vimos ao mundo sem pedir e aqui permanecemos por mero capricho. O mais fantástico é que submetido aos estudos e à temperatura elevada, me vejo obrigado a manter fachadas todas as janelas, afinal, qual a minha surpresa ao ver todas as lâmpadas de minha casa, quando acesas, cercadas por um cortejo caótico de insetos aformigados. Assim, noite, quente, muito quente, com as janelas fechadas e asfixiado tenho que estudar. Por que é que esses insetos, assim como os pernilongos, não aparecem no período de frio, mas no calor. Analisemos nossas alternativas: o ar fresco, ou quase, com a janela aberta, e a casa enfestada de insetos, ou a falta dele (ar), a casa fechado e nós aqui dentro, reféns desses indivíduos perigosos. Acabo de matar um que caiu de entre meus cabelos. E depois querem que eu acredite numa bondade ingênua e divina.