Olá, garotada,
Começo aqui, no interios das Minas Gerais, a narração de um mundo caido e de uma pessoa com dificuldade - ou preguiça - de levantar. A gente olha para a rua. Vai eu na praça, sento num banco qualquer, a tarde deitando, vagarosa, o tempo escondendo atrás das árvores centenárias do canteiro central. O coreto observador. Passa em meu caminho alguém. O sorvete na minha mão derretendo. Uma lambida, um pensamento. Você passa e eu acho graça. Não sei dizer olá, cumprimento com os olhos, esboço um sorriso, desejo um beijo. Uma lambida, a libido. Logo que a pessoa passa, eu agarro o pedaço que fica da graça e coloco escondido dentro da camisa. O pedaço roubado de pão, o picolé roubado do coleguinha de escola, o beijo roubado, roubado sempre. O calor passa com o tempo, a luz passa com a sombra, ai como eu queria que chovesse um bocado nesse fim de tarde, nesse começo de noite. Mas nada. Aquela pessoa que passou agora senta e espera. Eu inerte me comovo. Comovido eu me movo e chego e digo e declaro e escandalizo. Nada foi roubado. O abraço se trocou, o olhar se trocou também, o aperto de mão - que tendeu ao eterno - também, trocado. A palavra errada foi cuspida, no susto. Mas de lá a palavra certa foi tecida na certeza, tranquilidade e auto-controle. Eu gostaria de saber falar na hora certa a coisa certa. Falo todas as horas, coisas, mais para erradas que certas, falo por medo de me asfixiar com as palavras que engulo. De lá, fala-se com calma, com paz, com precisão. O bisturi que corta o céu, que arranca do tempo o chão. Eu embreagado - a noite já nos alcançou - não corro. Estáticos nós. Eu vejo vir tudo o que vai se chamar paixão. Vejo passar. E de antemão, sofrendo de véspera, certo do futuro, vejo o que se vai chamar dor. Vem feito susto, sono mal dormido, pesadelo. Eu quero me afogar nos seus cabelos, mas apenas olho a praça, olho você indo, acho graça.
2 comentários:
tá muito sem atitude! kkkkkkkkkk
falou a oferecida ne?
Calma... ainda tem muita história pela frente... Hehehe.
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