Prazeres divinos.

Continuando nesta linha teológica. "O calor tá de matar". Na vitrola aqui de casa, ouço um batidão, Schubert, trio. A boca seca. Ontem saí e o calor era tão ou mais cruel, era crudelíssimo. Cheguei cedo ao centro, às dezoito horas, meu compromisso era apenas às dezenove e trinta horas. A boca reclamava. Queria tomar algo, algo refrescante. Desci do ônibus, subi um rua, virei noutra à esquerda e na esquina, no quarteirão de cima, comprei um sorvete, um sorvete de casquinha do McDonald's. Um maravilha, sublime. Logo descobri que o mercado é só amor com a gente. Apesar de que existem forças que nos fazem sofrer, submetidos ao calor e à secura, existem forças amorosas neste mundo que nos consola: um sorvete do McDonald's, um ar condicionado de shopping, um bom tênis com amortecedor da Nike. E ainda existem aqueles que não são capazes de enxergar a perfeição que vem do céu.