quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Despedidas.

Caro leitor,

Boa noite. Hoje a noite é quarta-feira. Há pouco cortei meu dedo. Cortei fundo. Ainda dói, assim como dói ver o tempo passando, se jogar no sofá e deixar ser invadido pela sensação do descontrole com seu próprio destino. Pensamos poder dar um rumo certo à vida. Nos surpreendemos ao vermos que o tempo escorre diante de nossos olhos e com ele nossos planos. E o que pensamos já não é o que fazemos. E o que acontece dissolve o que pensamos, e assim pensamos noutras coisas e daquelas que havíamos antes pensado resta apenas uma saudade, um aperto no coração.

Hoje, madrugada, recebi um e-mail, resposta de um outro e-mail tão antigo, que já nem mais me lembrava ter escrito. Mas ao ler o antigo e-mail enviado, me enviei de volta para algum lugar que já havia estado. E estando em sensações e imagens, mas não estando em corpo e toques, eu fui lendo a resposta e esta, sendo presente, me carregou de volta tempo adentro e parei de novo no lugar em que sempre estivera. Era madrugada, um pouco quente, um pouco tranquila. A perturbação da lembrança me fez responder. Respondi. Respondi com amor. Ah, sempre que a gente responde um e-mail para alguém querido, a gente desencadeia um vendaval. E sabe, a nossa vida se transforma. E a gente ou pesa ou levita. O que acontece: o vento bate, e a gente pode deixar voar, ou simplesmente firma o corpo e pesa para baixo, se agarra no solo e não desgruda. Assim, quando a gente chacoalha a cabeça, a gente embaralha os sentidos, a gente embaralha as lembranças, e depois, quando bate um vento, um vento variável, ou a gente deixa as lembranças voarem, ou a gente se agarra a elas. Não importa, a vida mesmo assim continua indo e seja quarta ou quinta, à noite eu tenho vontade de me jogar no sofá e ver o tempo passar, certo de que algo ainda dói, mas sem saber bem o que. Acho que é o virar das idéias, acho que é o carinho do vento que as leva, um carinho violento.

Um comentário:

Unknown disse...

hey... vc escreveu minha vida aí!