terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O silêncio.

O portão branco de ferro caiado

Protege a frente da casa.

O portão protege tudo dentro da casa.

Protege a casa verde.

E o que não é verde na casa

– não cuidaram dos jardins,

Agora apenas terra e folhas secas,

Já não brilham as rosas.

Mesmo assim, o portão

Baixo e de ferro caiado

Protege a frente da casa

Com suas janelas abertas.

Por trás do portão um vestido.

Vê-se um andar cansado,

Que atravessa o portão e o tempo,

Um andar ido em muitos anos.

Um subir e descer que vai do

Portão à esquina da rua,

Como quem procura uma razão.

Ou assim, meio perdido,

De quando se espera por alguém

Para o almoço: se espera uma surpresa.

Um andar, ansioso, mas lento, que tem

Por companhia um portão,

Um portão branco, apenas.

E assim, o tempo passa. Passam-se

Os dias, lentos, ora alegres,

Ora em ventos. E enquanto sopra

O vento, o vestido de algodão

Acende uma vela e ora, e chora,

E volta ao portão como quem espera.

Mantêm-se paciente (o vestido). Olha na esquina,

Observa o que vem do cruzamento das

Ruas. E volta, para a companhia

De um portão branco de ferro caiado.

Hoje, o portão, já não protege mais aquele

Vestido de algodão que guardou,

Por longos anos, olhos

Acinzentados vidrados no futuro

E tecidos de paz e amargura,

Amargura de quem espera,

Por uma companhia diferente que seja

Daquele portão protetor de ferro caiado de branco.

O vestido no armário, o portão protege a casa,

O silêncio da espera.

2 comentários:

Analu Oliveira disse...

nossa, ontem ainda eu disse que tenho saudade do vestido.

Analu Oliveira disse...

me lembro de ler esse poema no seu orkut, poderia ter parado no inicio, nunca te falei, mas sempre tive vontade de le-lo novamente!