O portão branco de ferro caiado
Protege a frente da casa.
O portão protege tudo dentro da casa.
Protege a casa verde.
E o que não é verde na casa
– não cuidaram dos jardins,
Agora apenas terra e folhas secas,
Já não brilham as rosas.
Mesmo assim, o portão
Baixo e de ferro caiado
Protege a frente da casa
Com suas janelas abertas.
Por trás do portão um vestido.
Vê-se um andar cansado,
Que atravessa o portão e o tempo,
Um andar ido em muitos anos.
Um subir e descer que vai do
Portão à esquina da rua,
Como quem procura uma razão.
Ou assim, meio perdido,
De quando se espera por alguém
Para o almoço: se espera uma surpresa.
Um andar, ansioso, mas lento, que tem
Por companhia um portão,
Um portão branco, apenas.
E assim, o tempo passa. Passam-se
Os dias, lentos, ora alegres,
Ora em ventos. E enquanto sopra
O vento, o vestido de algodão
Acende uma vela e ora, e chora,
E volta ao portão como quem espera.
Mantêm-se paciente (o vestido). Olha na esquina,
Observa o que vem do cruzamento das
Ruas. E volta, para a companhia
De um portão branco de ferro caiado.
Hoje, o portão, já não protege mais aquele
Vestido de algodão que guardou,
Por longos anos, olhos
Acinzentados vidrados no futuro
E tecidos de paz e amargura,
Amargura de quem espera,
Por uma companhia diferente que seja
Daquele portão protetor de ferro caiado de branco.
O vestido no armário, o portão protege a casa,
O silêncio da espera.
2 comentários:
nossa, ontem ainda eu disse que tenho saudade do vestido.
me lembro de ler esse poema no seu orkut, poderia ter parado no inicio, nunca te falei, mas sempre tive vontade de le-lo novamente!
Postar um comentário