Pra mim mesmo,
A noite a cabeça continua funcionando como funcionou de dia. Dentro do transtorno passa frase, passa imagem, passa tempo. Rosa diz que viver é muito perigoso. Mas enquanto isso tento seguir um conselho do Proust e guardo sempre um pedaço de céu sobre minha vida. E quero guardar minha vida. E quero guardar meus livros. Lembro do poema de um coleguinha de escola: "baratas, resistem à uma explosão nuclear, mas não a uma boa chinelada". Lembro que não almocei. Lembro do si bemol no Le Gibet. Unbreak my heart. Então o eterno fez cair do céu fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. E nós aqui em baixo queimando. E eu olho pra praia que quero ir na minha imaginação. E vejo Cristina César na minha frente, na contramão de meus olhos ela diz "também eu saio à revelia e procuro uma síntese nas demoras". Eu então demoro e demoro e respondo o silêncio. Ela sorri. E o tempo faz-se desfeito, eu não mais refeito torço de caminho e viro e corro e penso como pessoa, e penso como Pessoa que "para ser grande sê inteiro" mas me despeço e me desmonto. Não consigo segurar entre meus dedos minhas idéias, e quando vejo, meus ágeis dedos já atacaram um corpo perdido. E diferente de Blake e de sua raposa, condeno a mim mesmo e não à armadilha. Condeno-me a viver, sob esse calor, sob o si bemol, entre enxofre e demoras, em fragmentos, com um pedacinho de céu na cabeça e um chinelo na mão uma vida muito perigosa!
Um comentário:
Sofro muito!!!!!!!!!!!!!!!!
Ainda mais quando o blogue não posta meu comentário.
seu problema é não ser grande. rsrsrs mas não se preocupe o importante é a alma não ser pequena tb!
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