domingo, 7 de fevereiro de 2010

Libertação.

As costas arqueadas, o cansaço molda-me o perfil.
Solto um suspiro ao sentir que o domingo se estica.
Não vejo ninguém, me perco numa razão tímida
Que se cala e não se expressando se sufoca.
Mais um suspiro diante do tempo que não passa.
Numa carícia gratuita esfrego os olhos. Tomo
Um susto num gole só. O passado acende a luz
da sala. A cara vermelha de sono ou vergonha
Torna-se azul metálica, o riso, nem amarelo ou
Branco, o riso negro. O olho verde cheio de espera.
As costas arqueadas, o olho concentrado no presente.
O tempo sempre passa, mas passando lento é tortura.
Um suspiro se estica e deixa entrever entre o passado
E o futuro do tempo um momento em que, mesmo
Num domingo lento, um desejo se insinua realizar.
Deixar, deixar, deixar ir, não se deixar ficar.

Um comentário:

maria neusa guadalupe disse...

Eu acompanho daqui o que vc escreve.E gosto.Beijos orgulhosos