quarta-feira, 19 de maio de 2010

Conversas Noturnas

eu tenho isso que te disse... vazio.
desrazão.
não sei o que fazer... e acho não ser muito comunicação.
pelo menos vivo meio que asfixiado pelo fato de ver tudo com distanciamento, como se minha vida real não fosse o que vivo, e o que vivo fosse de fato um teatro.
é um como se possível, um sair de si e do mundo e se ver e o ver de longe... assim como se nada fosse realmente importante!
venho andando caminhando e fazendo as coisas deitadas na crença dos outros...
e vejo minha crença em meu próprio vazio.
um perdido desconsolo. Um perdido sem muitos beijos, um amargo da distância. uma proximidade de corpo do mundo e um longe de alma ao mesmo tempo!
sinto um sufocar de não sei o que... sinto desfeito meus sentidos... perdido em trapos que não consigo costurar com mais nada... um viver aos pedaços que dando sentido, um sentido não me passa.
não me comunico, não me explico, não me entendem.
sofro de silêncio e em silêncio. Uma carta sem coragem que meu olhar escreve torto... Um beijo sem gosto ao amanhecer da vida...
um espaço troncho no canto da minha cama, ocupado por mim e desocupado de desejo.
sinto o seco do desejar pouco.
vivo um ácido destempero.
levo a polêmica como companhia, mas destituída de sentido, perdida de suas cores. Já não sei se sou mais o eu que fui outrora, ou se sou em outros sabores.
sou leve sensação, que de tão ligeira, so me causo rasteira e dor. Uma profusão de desrazões. um perdido de olhar. um vagar sem companhia. Uma paixão vazia. um toque sem tato. Um antigo olfato. Um beijo. Um parto. Um morto dormir.
sou um desaguante riacho. Um fiasco rumor. Faço o papel tácito do amador. E me desfaço com ou sem dor, sem abraço, longe, bem longe do querer... Um desejo esfacelado.
sou um algo que não é piano, não é poesia, nem linguagem.

4 comentários:

cvlp disse...

Você anda lendo Florbela Espanca?

Igor Reyner disse...

Não. Mas já li bastante para que ela ficasse introjetada em meu subconsciente.

Igor Reyner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
maria neusa guadalupe disse...

Florbela Espanca,a magnífica.Como magníficos são seus versos,allievo...beijos tietes!