sábado, 22 de maio de 2010

O espaço que resta

O tempo nem sempre é
Longo demais para deixar contar
A história que passa, ou o olhar que troca
De lugar. O momento que fica, não é
De certo o mesmo que passa. O tempo...
Ah, o tempo é coisa que se vê, mas é coisa
Que não se acha. O rosto que eu vejo
Esconde o mundo que marcha e que perde
A cada passo um sentido. Você, querido, é
Forte, mas eu medido em palavras sou pouco.
O rouco de minha garganta é medo,
O certo de teus sentidos é a
Visão, que não embaça, é o seguir
De um caminho, que torna, turva e
Alastra vida a fora.
Viver é um temer o paraíso.
Viver é correr o caminho
Não-descrito. Viver é escrever
estranho e se permitir ousar o
Invisível. É encontrar no insensível
O forte e no movido o esquisito.
Um deixar-se estranhar,
Um deixar-se perder. Um ser
Sempre acompanhado daquele
Não-ser que persegue. Você,
Longe, perto, ou arredio
Nunca é sombra é sempre
Vívido. Um tempo, longo ou
Curto, que se embola
E leva para o sempre o
Antigo medo de se perder
Nas horas. Coragem é paixão
De dentro para fora. É risco
Deixado no correr da vida.
Viver. É ser não sendo.
Ser vivendo amizade.
Mesmo que o traço seja
Longo e o risco tenso.

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